segunda-feira, 21 de junho de 2010

NORDESTE (ALBAP)


Vira mundo, mundo seco!
Quem vê o pranto de tua gente,
Caído ao chão qual semente,
Que o sol não deixa nascer? 


Secaram todas as fontes.
Ficaram só as lembranças

No triste olhar das crianças
Que nada têm pra colher


No chão, só listras de sombras,
De esqueletos palitos,
Erguendo ao céu como um grito,
Perdido na imensidão.


Nem folhas fazem adubo,
Nem mesmo o vento as leva,
Se misturam com as pedras,
Se confundem com o chão.


Vira mundo, mundo seco,
Muda o sol do meu sertão,

Muda a sorte, muda a cor,
Muda a vida, acaba o pranto.
Brote a semente no chão,
A esperança no homem,
Cresça a criança com fé,
Numa mais justa nação.


Vira mundo, mundo velho,
Enrugado, abandonado!
Vira a sorte do teu mundo
Pede um milagre uma unção.
Todo o Nordeste com vida
Com as flores da esperança,
Sorrindo como crianças
Num verde que cubra o chão.
      1971- Coaraci - Bahia



terça-feira, 15 de junho de 2010

MARIA EM TRÊS TONS

Maria criança
Maria de trança
Correndo pro mar
Cantigas de rodas
E rodas gigantes
Maria sapeca
Maria boneca
Maria a cantar!


Maria só risos
Cabelos tão lisos
Brilhando ao luar
Tão cheia de sonhos
De sonhos tão lindos!
Maria boneca
Maria moleca
Maria a dançar.


Maria Magdala
Sem teto, resvala,
Correndo a gritar
Ninguém quer Maria
Tão magra, tão fria,
Maria peteca
Maria meleca,
Maria a chorar.

( Rio 29 /01/2009 )



sexta-feira, 11 de junho de 2010

BUSCAI PRIMEIRO O REINO DA ALMA

Entrega-me tuas inquietações.
O repouso faz bem ao coração.
A fé abre portas e novas conquistas.
Pensa positivo, vê o lado bom da vida.
Eu suprirei tuas necessidades
Seja no campo, aldeia ou cidades.


Olhem as aves do firmamento,
Eu as protejo e as alimento.
Os lírios da seca Palestina
São mais belos que as vestes de Salomão.
Sendo tu Meu filho, Meu irmão,
És para Mim mais importante ainda.


Vou contar-te um segredo.
Segue-Me, e busca primeiro,
O reino dos céus e a sua justiça.


Deixa comigo tuas inquietudes
Prospera a alma de virtudes:
Sendo mansos, misericordiosos,
Compreensivos, corretos, caridosos,
Perdoando a ti e ao teu irmão.
As portas do céu se abrirão.


Procurando-Me, achareis.
Pedindo-Me, recebereis.
Batendo, Eu Te abrirei.
Cairão sobre vós chuvas de luz.
Eu vos asseguro. Eu sou Jesus.
(Rio, maio 2010)


 

quinta-feira, 10 de junho de 2010

SALMO 23 (versão)

Sei que nada me faltará, Pastor amado.
Mas hoje me sinto oprimido e cansado,
Preciso repousar nos teus verdes campos,
Olhar as aves dos céus e escutar os cantos.
Sentir o frescor dos lírios que fizestes
Com o puro linho de tuas brancas vestes.


Leva-me a passear em águas tranquilas.
Preciso refrigerar minha alma ferida.
Restaurar minha força e o meu vigor,
Não quero pensar em nada Senhor,
Quero tão somente, caminhar ao teu lado
pelas veredas da justiça, apoiado em teu cajado.


Se vier a sentir o perigo da morte,
Não temerei porque me tornaste um forte.
Preparas a frente de cada inimigo
Uma mesa repleta, e ceias comigo.
Unges minha cabeça com teu óleo, Senhor
E minha taça transborda com teu puro amor.


Porque sei que me honras e minha proteges
Sempre estarei nos átrios de tua casa,
Louvando-te no silêncio de minhas preces.
Rio, 20/05/2010


    

terça-feira, 8 de junho de 2010

Saga dos retirantes

Pó, eira, somente poeira.
Terra seca e rachada,
Trincando a pá e a enxada,
Sem cercado e nem beira.

Tendo o sol por fronteira,
Que castiga e inferniza,
Nenhum sopro de brisa,
Só o gemer da porteira.


A velha e seca parreira,
Não dá sombra ou abrigo.
Forma um imenso jazigo,
De corpos em fileira.
Nenhuma algibeira,
No ombro de um forte,
Só carcaça e morte,
E aves carniceiras.

Da fome à cegueira,
Na criança palito.
Neste sertão maldito,
Só raiz nas chaleira.

O gado, morre a beira
De um grande sequeiro.

Sem verde rasteiro,
Só fome e caveira.


Respirando poeira.
Segue em fila o retirante,
Sangrando pés e a fronte,
Numa dor costumeira.

Em prece derradeira,
Com as mãos pro infinito,
Ninguém escuta um só grito,
Surdo o céu, a terra inteira.

Há uma culpa cegueira,
Uma elite que se elege.
Mas só as meias protege,
Cuecas e algibeiras.
Compram suas cadeiras,
Com a indústria da fome,
Nas urnas um novo nome

A listar a roubalheira.
13/05/2010






quarta-feira, 2 de junho de 2010

BORBOLETAS

Borboletas, crianças, são flores voando,
As asas tingidas com pingos do céu
Parecem roubadas de um conto de fadas
Por anjos travessos, a mando de Deus.


Reparem nos voos tão leves, fagueiros,
Em volta das flores brincando no  ar.
Parecem que vivas desprendem dos galhos
Voando aos pares começam a dançar. 


Tecidas em fios, as sedosas crisálidas,
Eclodem das cascas que adornam o seu véu
Exibem garbosas tatuadas nas asas,

Translúcidas cores que o arco-íris lhes deu!
         Rio, 20/03/2010 - Jailda Galvão Aires


VIAGEM ESPACIAL

Que importa se a vida, ora vivida, ora esquecida,
Balance numa rede, em pensamentos desencontrados,
Com nexo, sem nexo, ao sabor do vento que balança a alma,
E a  acalma, e a faz desfalecer num sono profundo,
Capaz de esquecer o mundo e se distanciar dos mortais.

Viaje na roda viva do tempo, sem pressa de voltar,
E alcance a luz das galáxias e abrace as estrelas mais altas
E cavalgue na esperança de encontrar um mundo translúcido,
De seres diáfanos, arcanjos e anjos livres, batendo asas,
Tocando liras e harpas, cantando hinos em tons celestiais.


Que a luz seja tão angelical que eu agarre um arco-íris inteiro,
Abrace as cores da aliança entre Deus e os homens,

E que a paz inunde meu ser completo e verdadeiro.
         Rio,02/06/2010 Jailda Galvão Aires

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FILOSOFABNDO II






 “Se penso logo existo.”
Não sei equacionar.
Tem quem pense, sem que exista.
E exista sem pensar.

“Ser ou não ser eis a questão”
Depende a escolha que faça.
Ter ou não ter é a razão,
De tanto orgulho e desgraça.

Se pensar prova que existo,
Beliscar-me prova também.
Não posso provar com isso,
Se pensar me faz tão bem.

             jailda, 30/05/2010



FILOSOFANDO I

          Tarde fria...

  Goteja minha alma em pingos de orvalho
 Não sei quem sou, para onde vou, 

  Nem por quem sou.
A minha verdade não é a verdade da tua verdade.
De sofismo me encho e então filosofo
Não descarto Descartes e divago em minha mente:
-“Se penso logo existo”. Ou existo porque penso?
Não crendo me belisco. A dor é prova contundente.


Sentada na areia mirando o horizonte,
Sinto-o tão longe e sei que está tão perto.
E em meu desalinho, a ele me alinho.
Na linha ilusória que separa o firmamento.


Com "Castro" reflito olhando o infinito,
E no azul que os confunde também me engano,
“Qual dos dois é o céu? qual dos dois o oceano?”


O nada existe só porque o negamos?
Ou negamos o nada porque ele existe?.
Ser " Sartre" é satirizar a existência divina.
“O nada é o que não é. E não é o que é”
A vida sem polaridade incompleta seria.
Adão, Eva, noite, dia, bem, mal, céu, inferno...

Só Deus que sendo Trino, é Uno, Imutável e Eterno.
     
28 /03/2010 Jailda Galvão Aires

         
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