Tentei,
quis ser e não fui
e não sendo
acreditei que não sonhei como devia
fui
poeta, artista
cantora, pianista
conheci o mundo inteiro
e o mundo me consagrou.
acreditei
que cantava
encarei plateias e fui aplaudida.
libertei na voz a alma escondida
e desperta ainda, continuei a cantar.
fui
artista, roteirista,
desempenhei inúmeros papeis
em peças que eu mesma escrevi
e que não sendo, de fato não as vivi
fui
poeta, versista
de rimas pobres, quebradas
quis dizer tudo e não disse nada
estéreis as minhas inspirações
quis ser,
não fui e nem sou.
sou apenas mais uma que sonhou viver
e não viveu o que de fato sonhou
de “ista”
em “ista”
foi grande a minha lista
e pequena a minha lucidez
para que
aterrissei?
não sei.
não me encontrei aqui
joguei, julguei, representei
e sem morrer, morri.
Rio, 1989. Jailda Galvão Aires.
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